Pandemia uniu a família em torno de um objetivo comum nos negócios, mas geração atual ainda não se sente segura para passar o bastão para os mais novos
A crise provocada pelas transformações intensas no mundo dos negócios nos últimos anos aproximou as famílias empresárias e mostra que a geração atual está participando do controle do negócio: é o que diz a pesquisa Global NextGen 2022 da PwC. O estudo aponta que 43% dos entrevistados disseram que agora estão mais envolvidos com a empresa que antes de 2020; 36% responderam que a pandemia resultou numa comunicação mais forte com a geração atual; e 43% afirmaram que se sente mais comprometidos com a organização em relação ao período anterior à Covid-19.
A pesquisa também endossa o que os especialistas em sucessão nas empresas familiares já sabem: o conflito entre as gerações atuais e as futuras é um dos desafios nas organizações comandadas pelos próprios fundadores. O estudo revela que 14% dos gestores da nova geração relatam ter recebido um projeto durante a pandemia justamente em razão de um fato atípico que provocou mudanças em toda a sociedade. Outros 45% acreditam ser difícil provar a si mesmo como um novo líder e membro do conselho. Já 57% acham que a hesitação da geração atual em se aposentar é um problema.
“Passar o bastão para os herdeiros é um evento único na vida dos fundadores, que criam um vínculo emocional forte com o negócio, por ser parte da vida deles. O sentimento nutrido em relação à empresa é como se fosse de mais um filho. Daí a insegurança natural de um pai sobre o futuro de sua prole. O fundador precisa estar 100% seguro de que a empresa estará em boas mãos e que os líderes futuros irão preservar o seu legado e contribuir com o crescimento e expansão do negócio”, afirma Clodoaldo Oliveira, diretor executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento.
Para ele, sem dúvida nenhuma, a pandemia teve um lado positivo para as famílias empresárias: conscientizou a geração atual a iniciar um processo sucessório o quanto antes. Na Pesquisa Global de Empresas Familiares 2021 da PwC, 30% da geração atual disse que havia um plano robusto. Hoje, 61% dos NextGens dizem que a família tem um plano de sucessão. Ainda assim, a geração atual está segurando a coroa: 39% dos NextGens afirmam que há uma resistência na transferência da liderança.
Conflito entre gerações
Parte da fortaleza para assegurar o comando pode estar relacionada à expectativa e à vontade das novas gerações de trilhar caminhos diferentes principalmente no que diz respeito à implementação de ações que competem à sigla ESG (meio ambiente, social e governança). A pesquisa aponta que as gerações atuais ainda não estão convictas que tais práticas estejam vinculadas ao crescimento dos negócios.
E como gerenciar esses conflitos? Para Clodoaldo Oliveira, a comunicação clara das expectativas de todos os atores envolvidos pode ser o começo de um processo sucessório bem-sucedido. “A pandemia abriu as portas da empresa para as novas gerações e favoreceu o diálogo entre as partes. Essa é uma boa notícia”, ressalta.
O relatório da pesquisa Global NextGen 2022 da PwC traz ainda algumas orientações sobre como conduzir um processo sucessório nas famílias empresárias. Juntos, fundadores e herdeiros devem encontrar respostas para as seguintes perguntas: Quais habilidades de liderança e experiência são necessárias para permitir que o negócio prospere? O que trará crescimento no futuro? E quais são os estágios e marcos no caminho para a sucessão (o que os NextGens precisam alcançar para ganhar um lugar no conselho, por exemplo)?
Conclusão
Para Clodoaldo Oliveira, a pesquisa evidencia que conquistar a confiança dos gestores da geração atual para conseguir implementar um novo modelo de gestão é um processo demorado. “O futuro das empresas familiares pode estar nas mãos das novas gerações, capazes de enxergar que a gestão precisa ser atualizada e que os negócios do passado estarão fadados à estagnação. Os fundadores estão com a faca e o queijo nas mãos: é hora de formar uma comunidade de solucionadores nas famílias empresárias e unir profissionais com habilidades diferentes para tornar as organizações sólidas e longevas”, finaliza.
PDA
Com a chancela da Fundação Dom Cabral, a JValério Gestão e Desenvolvimento, promove o PDA – Parceria para o Desenvolvimento de Acionistas e da Família Empresária. A solução é focada na formação e preparação de sucessores, do conflito de transição entre gerações, dos acordos societários e da pulverização do patrimônio.
Um dos objetivos do PDA é diminuir os conflitos geracionais por meio do estímulo ao diálogo, ao respeito, à colaboração e ao apoio mútuo, um ponto essencial quando falamos sobre família e negócios, simultaneamente.